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O orçamento de obras é um dos processos mais importantes — e também mais desafiadores — de toda a etapa de elaboração de projetos. Resumidamente, este documento visa a especificar os gastos que serão necessários para a execução de uma obra.
A formulação de um orçamento de obras bem detalhado e realista é fundamental para que o arquiteto possa atender às expectativas do seu cliente, sem perder o controle dos gastos. No entanto, essa não é uma tarefa simples. Ao se esquecer de algum item ou subestimar os preços dos materiais, você pode gerar grandes dores de cabeça no futuro e até mesmo acabar com a relação de confiança do cliente com o seu trabalho.
Pensando nisso, decidimos criar este artigo cheio de dicas que todo arquiteto deveria seguir na hora de fazer um orçamento de obras. Esse assunto é do seu interesse? Então acompanhe a leitura!
Tenha em mãos o memorial descritivo
Este é outro documento muito importante e que deve ser levado em consideração durante a formulação do orçamento de obras. A função do memorial descritivo, como o próprio nome sugere, é listar em detalhes todas as estruturas que estarão presentes na obra, assim como os materiais que serão utilizados para a construção das estruturas.
De acordo com a Lei 4.591/64, o memorial descritivo é obrigatório em construções civis, e todos os clientes interessados em comprar um imóvel na planta têm o direito de exigir esse documento. O memorial descritivo pode facilitar a elaboração do orçamento de obras, pois, se o cliente está de acordo com todas as informações presentes no documento, isso significa que ele já tem uma ideia de qual será o orçamento e provavelmente aceitará todos os custos mais facilmente.
Veja, a seguir, algumas das informações que devem constar no memorial descritivo de acordo com as regras da ABNT:
- localização da obra;
- detalhe de cada etapa da construção;
- alvenaria;
- acabamentos;
- detalhamento de materiais usados na obra;
- normas adotadas para a realização dos cálculos do projeto;
- conceituação do projeto.
Acrescente o lucro
Embora essa possa parecer uma dica óbvia, muitos profissionais se esquecem de acrescentar o lucro no orçamento de obras. É interessante somar a porcentagem do seu trabalho em toda a planilha para que o cliente tenha uma visão geral de quanto ele precisará desembolsar para cobrir todos os custos do projeto.
O preço de venda deve ser igual ao custo da obra mais o valor do seu trabalho. Por isso, a maioria dos clientes deduz que o valor contido no orçamento de obras já corresponde ao preço da obra mais o lucro do arquiteto. Se você se esquecer de colocar o seu lucro ou optar por revelar o valor fora do orçamento de obras, pode ser que, no futuro, enfrente problemas com o seu cliente.
Calcule a mão de obra
Vale lembrar-se de que outras pessoas estarão envolvidas na construção do projeto. Por isso, o valor gasto com a mão de obra também deve constar no orçamento de obras. A mão de obra é um dos fatores que mais pode apresentar grandes variações de preço em consequência da qualificação dos profissionais. O pagamento da mão de obra pode ser feito de duas maneiras: por empreitada, estipulando um valor fixo para a execução de todo o serviço, ou pagando por horas trabalhadas.
O pagamento por empreitada é indicado para os casos nos quais o projeto já esteja bem definido, pois, dessa forma, é mais fácil estimar o tempo necessário para a execução do serviço. Essa opção é mais cômoda para o cliente, que terá a confiança de que não precisará arcar com custos além daqueles que foram previstos inicialmente.
Já o pagamento por horas trabalhadas é indicado quando surgem tarefas que não estavam presentes inicialmente no projeto e que precisam ser solucionadas rapidamente. Muitos arquitetos não gostam de trabalhar com pagamento por hora trabalhada porque muitos profissionais extrapolam o tempo necessário para a execução da etapa da oba e acabam encarecendo o orçamento. Para que isso não aconteça, basta você orientar e acompanhar de perto o trabalho da mão de obra contratada.
Não se esqueça dos impostos e das taxas
Depois de somar o seu lucro, o custo de todas as instalações, o preço dos materiais e o pagamento da mão de obra, o seu orçamento de obras estará completo, certo? Errado! Além de tudo o que nós citamos anteriormente, o seu orçamento também deve incluir todos os impostos que incidem sobre os serviços e os encargos sociais, além, é claro, das taxas de licenciamento e das demais burocracias.
Só depois de calcular e incluir todos esses valores na planilha de gastos, você poderá finalmente dizer que terminou o seu orçamento de obras.
Tenha cuidado ao usar tabelas referenciais
A utilização de tabelas referenciais para a elaboração do orçamento de obras é uma prática muito comum entre os arquitetos. O SINAPI (Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil – Caixa) é um ótimo exemplo de tabela referencial utilizada pela maioria dos profissionais.
Embora sejam excelentes fontes de preços para a elaboração do orçamento, você não deve confiar cegamente nos valores indicados por essas tabelas, pois alguns itens podem apresentar distorções dos seus preços unitários presentes na tabela para o valor que realmente é cobrado no mercado.
É justamente por isso que é fundamental que você tenha muito cuidado e também pesquise os valores nas lojas de materiais de construção para que seu orçamento não conte com valores muito aquém da realidade. Como você pôde perceber, o orçamento de obras é um cálculo muito complexo que leva em consideração diversas variáveis. Qualquer erro, por menor que seja, pode causar graves problemas, como o desperdício de materiais.
No entanto, se você for muito detalhista e seguir à risca todas as dicas que nós citamos neste texto, temos certeza de que as chances de você fazer um orçamento de obras assertivo serão muito maiores.
Gostou deste texto? Achou as nossas dicas interessantes? Então compartilhe já este artigo em suas redes sociais para que seus amigos arquitetos também possam aprender a fazer um orçamento de obras efetivo e certeiro!